quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A casa da porta branca (6)

Se você ainda não leu o capítulo 5, segue o link: 
http://dangerous3.blogspot.com.br/2016/08/a-casa-da-porta-branca-5.html

Erick olhava a lua enquanto subia as escadas da delegacia, ele sabia que a essa mesma lua iluminava os dois universos, revelando os segredos da escuridão. Sabia também que mesmo Frank sendo levado para outro mundo, ele corria risco de vida. Erick ficou preocupado pensando: "Como será que o grande feiticeiro vai resolver isso?. Se Frank entrar em coma, ele terá de fazer algo para que ele saia de lá”. Erick sabia bem que ficar em coma em outro universo significava desmanchar o corpo em pó. Ele estava realmente preocupado com isso.
Os olhos de Clarisse se encontraram com os de Erick pelo vidro da porta. Mesmo em lágrimas, ela lembrou do amigo chato que vivia atazanando sua vida, deu mais vontade de chorar o fato de agora (depois de o ter afastado tanto) ele ser a única pessoa a quem recorrer. Erick abriu a porta e colocou o primeiro pé na delegacia, nessa hora teve uma visão de Frank em uma floresta negra rodeado por grandes perigos, Frank olhou para os olhos de Erick e disse:
- Que lugar é esse onde estamos?!
Erick abriu a boca devagar e com os olhos arregalados vendo o amigo sem acreditar naquilo -respondeu quase sem voz antes de voltar a delegacia.
- Você está em coma e criou um pequeno mundo para preservar sua mente.

Capítulo 06
Charlye havia ouvido todas as histórias do avô feiticeiro. Ele a contou dos dragões e tudo mais, mas Frank (o tal homem do diário) era de longe a história mais fascinante. O avô a contara que o rapaz que a garota havia visto carrega um grande segredo que só pode ser revelado quando encontrarem o Grimório perdido de ROUSSE. Foi nessa hora que o feiticeiro olhou pela porta e viu um homem de capuz se aproximar, ele sabia que não era dia, mas viu os raios de sol tocar o homem e imediatamente entendeu o que estava para acontecer.
-Não! – sussurrou ele, assustado
- O que?
- Isso não era para acontecer.
- Do que está falando?
- Corre! Vá lá fora! Ajude o Frank! Por enquanto só vocês dois podem atravessar.
Charlye não pensou direito, apenas correu em direção a porta que estava aberta. Sentiu um frio na espinha ao ver um homem acabara de levar um tiro e uma mulher tentando sem sucesso o levantar. Quando a mulher ia tombando com o corpo, Charlye a segurou, mas quando passaram pela porta, a garota caiu, pois a mulher havia sumido. Só estava ela, o avô e um ensanguentado Frank no chão.
Charlye e o avô temeram o pior, fizeram de tudo para parar o sangramento, prestaram todos os socorros possíveis. Em determinada hora, Frank abriu os olhos e viu uma foto de Charlye, mas quando ela e o avô foram falar com ele, ele apagou novamente entrando dessa vez em coma.
Charlye estava fascinada com tudo o que sabia de Frank, no entanto, nesse momento ela estava com medo que ele morresse. O avô disse a ela que o corpo dele viraria pó no universo errado caso ele continuasse em coma, mas o avô parou de falar ao olhar para o rosto de Frank. Os olhos dele estavam abertos e totalmente negros...
- Oh! Grande Merlin! Eu não acredito nisso. A alma desse garoto está dividida entre os dois mundos! Por isso que ele está vivo sem equipamentos. É quase uma mágica. Impressionante!
- O que foi vovô? O que está havendo?!
- A mente dele criou uma floresta de pensamentos. Se ele conseguir sair de lá, ele sobrevive. Por mais impressionante que seja, é quase impossível ele sair de lá sozinho. Ele pode ser morto pelos seus próprios sentimentos e pesadelos, mas entrar lá é suicídio.
- Vô! Usa sua mágica e traz ele de volta! Ele não pode morrer. Quem atirou nele? Você sabe?
- Não sei quem era e não posso fazer nada para ajudá-lo porque para isso eu teria que entrar na mente dele e precisaria de outro feiticeiro para me transportar, só se pode enviar uma pessoa e tem que ter alguém que envie. Infelizmente, como meu título entrega sou "o último feiticeiro”.
6 dias se passaram e Charlye ficou ao lado de Frank, na esperança de que ele acordasse. Ela sentia que tinha algo importante para acontecer, e que Frank estaria junto.Todo dia quando ela dormia pensava em Frank sendo massacrado pelos seus pensamentos, e o quão desesperador seria estar sozinho dentro de sua mente. Todo o terror, o pânico, a vontade de melhorar, a dor do fracasso.
Charlye olhava-se no espelho e por algum motivo via culpa em seus olhos, também via  terror e por último decisão. Uma decisão forte e incandescente que tomou seu corpo.
Ela desceu as escadas até seu avô.
- Olha só. Eu confesso que estou morrendo de medo, mas desde aquele dia entendi que o senhor disse que pode transportar alguém e poderia ser eu para ir ajudá-lo.
- Charlye, é arriscado demais. Estamos falando de uma viagem ao “país dos horrores”, não das “maravilhas. Você pode ser massacrada lá dentro e como você mesma disse, você não conhece esse cara. – o avô da menina começou a chorar disfarçadamente – Eu não queria que isso fosse assim Charlye, fiquei tão impressionado quando finalmente vocês dois se encontraram que eu simplesmente não vi essa alteração na história. Talvez seja o fim.
- Escuta aqui, seu velho sádico... – o tom de voz da Charlye causou respeito e susto no avô, que agora a olhava com uma expressão dividida entre o orgulho e decepção. – Eu não estou nem aí para a sua arte! Eu quero salvar esse cara porque ele é um ser humano. Antes de ver o que vi, achei que a idade tinha te pegado, mas depois acreditei em você e agora vi com meus próprios olhos. Agora que me colocou nessa loucura, você vai ouvir o que tenho a dizer! Você não tem o direito de brincar com a vida das pessoas! Se quisesse fazer arte que fizesse com a sua vida! Agora me diz como entro e tiro ele de lá, porque o corpo dele não irá virar pó só porque o louco do meu avô quer bater o recorde de encontro às escuras.
O avô da garota se aproximou dela e disse:
- Quem invade o paraíso, sabe a saída do desespero. Procure por esse animal, mas só vale aquele que você só enxergar os olhos.
-Isso é uma charada? – mas foi tarde para ela perguntar. Seu avô já tinha tocado sua testa.

Ela piscou e já não o viu mais, enxergou apenas uma floresta escura e sombria. Corujas, uivos, corvos na árvore perto dela. Logo que se viu ali, sentiu seu coração acelerar. Ela tinha que chegar em Frank antes que algo pior acontecesse.

Criado e escrito por: Thanos
Editado e revisado por: Natália Dias

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A casa da porta branca (5)

Se você ainda não leu o capítulo 4, segue o link:
http://dangerous3.blogspot.com.br/2016/08/a-casa-da-porta-branca-4.html


Frank sabia que se morresse iria para algum lugar, mas não sabia para onde. No entanto, não esperava ser acordado ao som de “Dust in te Wind”. Deitado em lençóis brancos e com um delicioso edredom envolvendo seu corpo, ele sentia cheiro de café e sentiu seu estômago roncar. “Estômago? ”. Pensou, passando a mão na barriga. Percebeu que estava enfaixada, lembrou-se com mais nitidez o que tinha acontecido, notou então que mesmo tendo visto o rosto do seu agressor, já não lembrava mais dele. Começou a juntar as coisas e deduziu que estava em um hospital, mas ao sentar-se na cama, percebeu que tinha se enganado, ele estava em seu quarto. Bom, pelo menos parecia, exceto pela foto de uma garota na cômoda que ele reconheceu sendo Charlye.

Capítulo 05

Antes disso...
A polícia estava na casa de Frank, Clarisse estava chorando descontrolada, ela tremia muito e não conseguia respirar direito, a todo momento gritava ao lembrar da cena do irmão sendo morto. Claro que dessa parte a polícia não sabia, eles acreditavam que Frank ainda estava vivo e que tinha ido atrás do seu agressor, só não sabiam como era possível, já que o sangue estava em grande quantidade espalhado pelo chão e ia até escada de entrada e dali sumia. Clarisse também não saberia mesmo como explicar, sua mente estava em choque. Ela lembrava de ter pego o corpo sem vida do irmão (com muita dificuldade) e sentiu-se cair, até que alguém a deu apoio para levar o corpo do irmão porta a dentro, mas quando passou pelo portal da porta, sentiu o irmão sumir junto com os braços que a ajudaram. Ela não sabia mais o que estava acontecendo na vida dela e do irmão, e porque com eles? O medo estava deixando-a louca “Ou será que já estou?” - pensou a mulher.
Ela só sabia de uma pessoa que podia ajudá-la, por mais que achasse que ele era louco e perturbado, sabia que ele entendia de coisas sobrenaturais. Por sorte, ele trabalhava como investigador da polícia e era a única pessoa que amaria o irmão dela como se fosse o seu irmão. Seu nome era Erick, o amigo mais chato (porém amado) de seu irmão.

Erick
Erick era o melhor amigo de Frank, mas todas as pessoas guardam seus segredos. Até onde Frank e Clarisse sabiam, ele era um mágico qualquer com grande entendimento em ocultismo e ilusão. O que eles não sabiam, no entanto, é que ele era de fato sabia fazer mágicas de verdade. Ele não era nem de longe um feiticeiro puro, e sim um descendente ensinado que queria reviver a mágica no mundo, mas para ter plenos poderes teria que achar o verdadeiro “último feiticeiro” e ganhar dele a legitimação dos seus poderes, mas ele não tinha ideia de como fazer isso. Entrou para a polícia  como detetive de casos paranormais, mas os amigos só sabiam que a parte do “detetive” sabiam também que ele era o melhor e que resolvia sempre casos que pareciam não ter explicação. Erick era solitário, seus únicos amigos eram Frank e Clarisse, (por quem Erick nutria uma paixão de “tapas e beijos”) e também tinha sua irmã mais nova que vivia em outro lugar, o qual o rapaz nunca revelava. Ele foi expulso de casa ainda pequeno e viveu em um orfanato, explicou uma vez que sempre manteve contato com a irmã por cartas e que foi expulso de casa pelo pai quando este descobriu a paixão do garoto por ocultismo. Erick era moreno, cabelos até os ombros, usava um sobretudo preto ou uma jaqueta de couro na maioria das vezes, tinha uma grande argola na orelha esquerda, um rosto longo, sobrancelhas grossas, lábios finos, olhos verdes,  corpo atlético estilo velocista, sempre tinha vários anéis na mão, mas seu colar (o qual o pingente lembrava o canino de algum animal) era sua marca. Ele nunca o tirava e também nunca disse quem lhe deu.
Erick não iria contar nada por agora, mas a verdade é que foi ele quem encontrou e sugeriu que Frank ficasse com aquela casa, quando Erick a viu, percebeu que tinha uma grande fonte de mágica ali e que a energia ficava intensa cada vez que Frank se aproximava da porta de entrada. Ele não queria assumir, mas podia estar usando o amigo como ferramenta, pois sabia que aquela mágica só poderia vir do “último feiticeiro”. Ele já sabia o que Frank encontraria do outro lado da porta e o que aconteceria se ele fosse para lá. Quando Clarisse ligou para Erick, ele revelou que já sabia por alto o que havia acontecido, ela ficou espantada quando ele lhe disse que o irmão dela estava em uma dimensão paralela. Pediu para que ela ficasse calma e que o esperasse, pois estava a caminho da cidade. Quando desligou o telefone, sentiu uma onda de excitação percorrer seu corpo. Clarisse não tinha ideia, mas em algumas semanas seria iniciada uma grande guerra mágica.

Criado e Escrito por: Thanos
Editado e Revisado por: Natália Dias

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Ostrácia


Boa noite, galera. Nós gostaríamos de pedir desculpas, mas infelizmente não postaremos hoje o capítulo 5  da história A casa da porta branca. Manteremos você informados de quando sairá. Entretanto, teremos o texto do nosso amigo Luke. Boa leitura e visitem sempre o nosso blog! 
Por: Natália Dias

O vento massageia seu semblante desencorajado e melancólico, balança seus longos cabelos gordurosos e castanhos, olhos cinzentos e sem brilho observam um horizonte incógnito e remoto. O retrato que reflete com perfeição a sua vida. Matthew Symmington, um simples garoto britânico, adolescente, cheio de perguntas e sem nenhuma resposta, algo que seria típico dessa idade se não fosse pelo fato de Matthew ser diferente, não diferente como um garoto de catorze anos que não consegue depreender porque seus brinquedos não o alegram mais, e sim como um garoto de catorze anos que procura incansavelmente o sentido de sua efêmera vida, tenta se livrar de perguntas constantes que atormentam seus pensamentos e anestesiam seus languidos sentimentos.

Desde que era um garotinho, Matthew demonstrou ser diferente, sua mãe Elizabeth achava fascinante tamanha inteligência, adorava propor desafios a ele, fazia-lhe perguntas complexas e sempre que podia o desafiava para uma partida de xadrez, Matthew nunca saiu suplantado dessas partidas. Mas, Elizabeth como todo habitante da Idade Média debutou a repreender o comportamento de seu filho, presumia que Matthew estava possuído por algum demônio e sabia que se não tomasse alguma providência seu filho seria queimado vivo, por conta da crença rústica da época. Elizabeth passou meses sem conseguir dormir, não se divertia mais com o pequeno Matthew, que sem compreender começou a se entristecer, convidava imensuravelmente sua mãe para mais uma partida de xadrez, mas ela sempre olhava para ele, seus olhos verdes brilhantes banhados de lágrimas, se aproximava de seu rapazinho, acariciava seus cabelos escorridos, abaixava a cabeça e desprezava seu rebento com seu coração aflito.


Escrito por: Luke

terça-feira, 9 de agosto de 2016

A casa da porta branca (4)

Se você ainda não leu o capítulo 3, segue o link:
http://dangerous3.blogspot.com.br/2016/08/a-casa-da-porta-branca-3.html


Há 5 anos , Clarisse descobriu que tinha câncer. Ela teve aquele sentimento de soco no estômago, estava tudo perdido, a vida dela havia acabado. Naquele mesmo mês, pegou seu marido transando com sua melhor amiga na cama deles. No meio da discussão que tiveram, ele a revelou que estava com ela pelo dinheiro, pois ela era uma pessoa que só ligava para o emprego. Quando o ex-marido de Clarisse descobriu que ela tinha câncer, disse que não a ajudaria e que aquilo era justiça divina. Eles se casaram sem acordo pré-nupcial e ele levaria metade do que construíram. Ela deu quase todo o dinheiro para o seu tratamento, mas não foi o suficiente e já havia perdido as esperanças quando um dia chegaram doações. Seu médico lhe disse que acionistas que a conheciam estavam doando e que o governo por si só já cobriria uma parte. Quando ela melhorou e voltou a ter sua “antiga” aparência, foi até seu irmão, ao qual ela nem se quer cogitara dizer o que passou, só queria realmente acertar as coisas com ele.

Capítulo 4

Frank e Clarisse passaram a madrugada tentando entender o que tinha acontecido, não era possível que em um espaço de menos de dois minutos tenham se passado dois dias. Eles não acharam resposta e sentiam-se eufóricos e apavorados, estavam no teto da casa com duas cervejas. O sol apresentava-se timidamente, deixando tudo com um leve tom alaranjado. Frank percebeu que por vezes um homem com uma jaqueta e um capuz preto andava pela rua sem nenhum motivo aparente, porém isso não era nenhum crime.
Clarisse comentou com o irmão que aquilo que acontecera na noite passada não sairia das suas mentes nunca e ainda sugeriu que ele trocasse de casa, mas Frank disse:
- Tem que haver uma explicação para o que aconteceu e não saio daqui enquanto não achar a resposta. Talvez essa Charlye seja realmente um fantasma, mas ela não parecia querer me fazer mal, estava apenas assustada. E se no fim, nós fomos tão fantasmas para a garota quanto ela foi para gente?
Clarisse soltou um terrível palavrão.
- Você só pode estar ficando doido! Será que pensa que isso é um filme? Que tipo de louco é você?
- Clarisse, você nunca me apoia em nada. Seja irmã uma vez na vida e fique aqui comigo, vamos descobrir juntos o que está acontecendo.
A irmã encarou os olhos esperançosos do irmão e disse:
- Eu te amo, não duvide disso. Mas eu estou fora. Pode esquecer e se quer dar uma de “caça fantasmas” vá em frente. Eu não vou mesmo tentar te impedir, mas eu? Estou indo embora agora mesmo.
Clarisse desceu a escada, Frank desceu 10 minutos depois. Ela estava encostada na porta, em lágrimas disse ao irmão:
- Eu entrei no quarto para pegar minhas coisas e vi uma caixa, dentro dela tinha uns documentos médicos. – ela chorou mais ainda e soluçava tentando falar. – Você que pagou o tratamento do meu câncer, tudo!! Porque você não me disse nada? Se não fosse essa doação, eu não estaria viva hoje. Tudo que gastei não foi suficiente. Seu idiota! Eu te amo! Pirralho mal criado! Você sabe de tudo então? Do motivo do término do meu casamento? Eu pedi para minha mãe não falar para você, eu me lembro de implorar a Deus uma chance de te ver de novo, mas não queria que fosse daquele jeito. Quando soube?
- Quando você foi internada há 5 anos. Uma amiga que temos em comum me contou que você estava desesperada e que ia muito ao hospital. Então contratei alguém para te seguir e descobrir o que estava acontecendo. No dia que deu entrada na internação, eu fui te ver, mas não consegui me aproximar, na verdade, não tive coragem. Foi aí que uma enfermeira comentou com outra no corredor “O tratamento dela é muito pesado, o marido levou toda a grana dela. Os remédios e todo o tratamento custam um absurdo e só pode ser feito fora do país”. Foi então que soube o que podia fazer, vendi minha empresa no Sul, não queria voltar a falar com você (assumo), mas não descansaria enquanto você não estivesse bem.
- Como convenceu nossos pais a não me contarem nada? – perguntou uma Clarisse aos prantos de emoção e raiva.
- Bem, é simples. Eles também não sabem. Nunca contei a eles. Me alfinetam sempre dizendo que tenho que te ligar, que talvez você quisesse me dizer algo, mas também foram fiéis a você e não me contaram do câncer.
Clarisse agora lembrava que na noite de reencontro entre os irmãos ela dissera “será que uma briga é suficiente para gente morrer sem se falar?” e o irmão pareceu achar que ela falava sério.
- Me disseram que haviam sido várias doações feitas pelo governo e antigos acionistas de onde eu trabalhei. Por 5 anos você investiu no meu tratamento e na minha recuperação?
- Sim. E pelo o que vejo, você está ótima.
A cabeça de Clarisse estava quase para estourar, ela sabia bem que o irmão não queria voltar a falar com ela, mas não sabia que ele a amava. O que será de tão ruim que ela fez a ele que não lembravam ao certo? Seja lá o que fosse, ela decidiu que nunca mais deixaria seu irmão na mão e se ele queria virar um investigador da casa dos horrores, ela estaria ao lado dele.
- Eu vou ficar, Frank. Vamos descobrir junto o que está acontecendo aqui. Eu tenho medo de morrer (assumo), - fez referência a observação do irmão. – mas por você valeria até a pena morrer.
Frank riu vendo a irmã ainda chorando, e disse.
- Deixa de ser boba. Você não vai morrer comigo por perto.


Os dois fecharam a porta atrás de si, deram uns 6 passos à frente e ouviram alguém tocar a campainha. O detalhe aqui é que eles não tinham campainha. Os dois se entreolharam, só podiam pensar que aquilo também tinha relação com as coisas estranhas que aconteceram até então. E se fosse a Charlye? Tudo durou segundos, mas pareceu passar devagar. Frank virou-se e foi caminhando até a porta, passou por um espelho que tinha ali no corredor. Na rua, algum carro começou a tocar “The Sound of Silence” e ele acabou cantando mentalmente “Hello darkness, my old friend”. A casa estava banhada por uma claridade sonolenta. Quando o rapaz abriu a porta, jurava que veria Charlye na sua frente, mas quem estava lá era o homem de capuz que rondava pela rua a madrugada inteira.


O estranho sacou a arma, encostou –a na barriga de Frank e atirou. Frank sentiu algo extremamente quente atravessar sua barriga, sentiu um leve gosto de ferrugem na boca e tossiu, cuspindo sangue na direção do homem que agora já estava se preparando para correr. Frank ainda tentou segurar o homem, mas sentiu um choque intenso ao tentar se mexer, levou as mãos até a barriga, cuspiu e tossiu mais sangue. A música ainda tocava na rua, e Frank pensava no quanto ela era boa “i have come to talk with you again”. Viu tudo rodando e se sentiu enjoado, teve a impressão até de ter molhado as calças, já não lembrava-se do tiro, apenas do rosto de sua irmã, ouvia a voz dela cada vez mais distante. O sol esquentava seu rosto ali no chão. De repente, tudo escureceu. 

Criado e escrito por: Thanos
Revisado e editado por: Natália Dias



terça-feira, 2 de agosto de 2016

A casa da porta branca (3)

AINDA NÃO LEU O CAPÍTULO 2? Segue o link: http://dangerous3.blogspot.com.br/2016/07/a-casa-da-porta-branca2.html

LEIA TAMBÉM O CAPÍTULO 4: http://dangerous3.blogspot.com.br/2016/08/a-casa-da-porta-branca-4.html

Novos capítulos toda quarta.


O último feiticeiro do mundo acabava de pensar em uma coisa muito ousada. Estava cansado de usar seus poderes nas guerras, só queria ser um artista mágico, sonhava em dar vida a suas pinturas e esculturas. Ele sempre achou que a arte mais profunda teria que reunir sentimentos diferentes: medo, dor, raiva, alegria, amor, paixão, sexo, desespero, etc. O mago então resolveu trapacear e olhar o futuro em busca de algo tão belo e novo quanto pudesse ser, mas o que ele viu o fez mudar um pouco de ideia. Ele tinha total conhecimento da natureza humana, das suas falhas, seus acertos, e percebeu que sempre fora um egoísta como todos eles. Ele queria ser visto, ser grande, mas vendo tempos a frente, percebeu que às vezes os maiores feitos não são vistos pela humanidade, mas nem por isso perdem o seu valor. Sentiu vontade de dizer a todos os depressivos que ele os entendia, que via um valor inestimável neles (mas isso é um pensamento à parte, logo ele voltou a pensar na sua arte, mas antes disso chorou horas por todos os jovens que viu cometer suicídio). Então, foi ali que ele percebeu uma coisa, algo que até já sabia, porém, às vezes quando se tem algo valioso perto demais, os olhos cegam e não enxergam o valor, mas ele teria que arranjar um jeito de fazer aquilo acontecer. Foi quando olhou sua porta da frente e “filosofou”
- Até para entrar em outra dimensão é preciso uma porta...

Capítulo 03

Charlye deveria estar mais assustada ainda, agora que viu um ser sumir na sua frente, no entanto, o que ela fez foi correr para pegar o seu diário. Subiu as escadas de dois em dois degraus, passou por todos os quartos sem olhar nenhum, chegou no fim do corredor e puxou uma corda que levava ao sótão. Ao entrar lá, procurou no meio de toda aquela bagunça, ela jogava as coisas verificando com muita atenção se não era o que procurava, até que encontrou um poema que seu avó fez para ela quando ainda era uma criança. O poema dizia o seguinte:

Dimensão de Charlye

Portas que abrem,
Portas que fecham,
Portas que abrem e fecham

Será que um dia abrirei
Uma delas e acharei
Alguém à minha espera?

Talvez um amor,
Um mundo de sorvete,
Ou algo igual, mas diferente

Talvez veja minha casa
Não exatamente
Talvez mais reluzente

Outro universo,
Com alguém que me espera
Que me mostre que a “vida bela”

Alguém que eu criei
Um herói, um mocinho
Ou um fora da lei.

Charlye sentiu que uma lágrima escorria de seu rosto, lembrava exatamente do dia que o avô escrevera aquilo, e que ele apontou para a porta e disse que as portas levavam a lugares mágicos. E que passara a tarde brincando com a garota, imaginando mundos novos a cada batida de porta. Ela ainda lembrou-se que em uma das vezes que abriu a porta e teve a impressão de ver os móveis em lugares diferentes dos habituais.
Tudo passava como um turbilhão na cabeça da garota. Será que o avô dela sabia de algo? Será que ela achou mesmo uma porta para um universo paralelo como ele a dissera várias vezes?
Charlye pegou seu celular e voltou a sala, discou aquele número que tinha de cabeça, esperou chamar e...
- Alô... Sim, vovô. Sou eu... Eu não sei bem... Estou em casa, de frente a porta... Acho que preciso que o senhor venha aqui... O que aconteceu, bem... – ela abriu a porta devagar... Mas só viu a rua normalmente. – Talvez nada... Mas preciso do senhor aqui

Já havia se passado algumas horas do ocorrido, Frank e sua irmã estavam repetindo a história pela centésima vez.
- Então você está me dizendo que foi uma garota mesmo que abriu a porta e sumiu?
- Sim, ela estava ali parada na minha frente quando toquei aquele diário, mas quando ela passou pela porta, simplesmente sumiu! Olha, tinha um nome no diário e eu estou achando que era dela.
- Misericórdia!!! – pareceu que Clarisse ainda lembrava das frases que ouvia na igreja quando criança. – E se esse tal diário for... Sei lá! Um ritual para invocar essa... Qual é mesmo o nome dela? Sim, essa Charlye.
- Não diga besteiras! Eu já lhe disse, o que tinha escrito lá eram minhas características.
- Acho que devemos estar loucos, isso sim! Eu não vi a menina, mas vi você deixar algo cair, e antes de chegar ao chão, sumiu. Então é isso. Estamos loucos.
De repente escutou-se batidas na porta da frente. Os dois irmãos se entreolharam, e sentiram um arrepio ao olhar então para porta. Devagar Frank levantou e seguiu devagar até a entrada, Clarisse no seus calcanhares segurando uma garrafa como proteção. Ao chegarem na porta ouviram uma voz grossa dizer:
- Polícia! Abram a porta!
Frank então abriu a porta e deixou que o policial entrasse na casa.
- Está tudo bem por aqui?
- Sim, seu policial. A que devemos sua visita? – perguntou Clarisse com tom de poucos amigos.
- Seus pais – disse o policial, levantando uma das sobrancelhas. – Ligaram agora pouco dizendo que os dois sumiram por dois dias e que a última vez que falaram com os dois, o garotão aí estava aqui, e você estava a caminho daqui. Parece que ficaram com medo de um ter estrangulado o outro. – o policial caminhava, olhando atentamente a casa enquanto falava.
- Ei! Espera aí – disse Clarisse, sem entender. – Eu falei com meus pais tem pouco mais de 5 horas
- É, eu também falei com eles hoje mais cedo quando vim para cá. – apoiou Frank
O policial chegou perto dos dois, sacou a lanterna verificando os olhos deles e perguntou
- Estão chapados? – diante da negativa, o policial perguntou. – Que dia pensam que é hoje?
- Quinta-feira.- responderam os dois juntos.
- Meus caros amigos. Estamos nas últimas horas do sábado.

Demorou algumas horas para que o avô de Charlye chegasse. Há muitos anos ela não o via, mas ele estava exatamente como ela lembrava: cabelos brancos amarrados em coque, olhinhos verdes e vivos, um casaco em cima do ombro, uma bengala na mão e um lindo sorriso sincero no rosto. Ele entrou pela porta e a neta o abraçou, levou alguns minutos para que ela explicasse a ele o que havia acontecido. Ele escutou tudo pacientemente, sentou-se no sofá e cruzou as mãos na bengala.
- Bem... E o que sentiu quando viu o tal homem aqui dentro?
- O que? Essa é a sua pergunta?  Desculpe. – disse ela ao ver a cara de reprovação que o avô fez devido ao tom dela. – Bem, parece que é um personagem que descrevi em meu diário
- Magnífico! – o avô levantou-se e foi em direção a porta. – É realmente uma obra de arte, e o seu diário deu um toque a mais nessa linda obra que se desenrola. – a menina olhava-o totalmente atordoada. – Oh, minha querida. Me desculpe, estou aqui falando, falando e não te expliquei nada. Perdoe esse velho animado, bem, em resumo, essa porta foi feita séculos atrás pelo último feiticeiro da terra. Era sua forma de arte para o mundo, uma espécie de última assinatura que só funcionaria na casa certa, na época certa e com as pessoas certas. Entenda,  existe vários universos e amores impossíveis em todos eles, mas aqui...exatamente onde essa porta está, tem uma brecha para dois universos, e apenas essa porta pode conectá-los. Só duas almas gêmeas podem unifica-los e interagir com os dois. Isso é esplêndido, minha neta. Você acabou de achar o amor da sua vida e agora terão que descobrir como se encontrar novamente. Devem ultrapassar as barreiras do mundo para se amar.
A garota estava boquiaberta,  primeiro por ter percebido que o avô contava mais histórias do que ela lembrava, depois mesmo se fosse verdade, porque ela iria se sacrificar tanto para encontrar alguém que nem de fato conhecia? Mas a única pergunta que formulou verbalmente foi:
- Como o senhor sabe disso? Tudo isso? O feiticeiro, a porta, o universo?
- Ora, ora, minha cara neta. É muito simples. Eu fiz essa porta e eu sou o feiticeiro...


Fim do capítulo 3

Criado e escrito por: Thanos
Editado e revisado por: Natália Dias