domingo, 16 de outubro de 2016

A casa da porta branca (9)

Se você ainda não leu o capítulo 8, segue o link a seguir:
http://dangerous3.blogspot.com.br/2016/10/a-casa-da-porta-branca-8.html


A dor se materializa em situações, em pessoas e engana-se quem acha que ela seria apresentada ao mundo como algo feio e estranho, a dor seduz e entra na vida das pessoas, sussurra em seus ouvidos, até permite que essas sintam alegria, para depois deitar e sufocar um por um em seu jogo de sedução. A dor é apaixonante, ninguém a quer por perto, porém ela sabe bem quais lembranças ou lugares tocar, ela sentará do seu lado quando estiver sozinho, só para cantar com uma linda voz o quanto você é um fracassado. Quando quem ouve aceita, automaticamente, ele a abraça dando a ela mais força. Ela é esposo(a), namorado(a), companheiro(a), seus estudos, seu algoz, ela se fantasia em tudo. É a armadilha de nosso tempo e quando ganha muita força evolui para depressão. Frank agora estava totalmente preso a "Dor", ela o açoitava e tudo em volta de si estava vermelho, os cabelos dela estavam gigantes e grossos e os suspendiam a sua frente, suas unhas entravam na pele de Frank, ele mal se lembrava do porque ou como estava ali. Frank se desesperava, ele queria sair daquela situação, mas o olhar da "Dor" o convencia que todos os esforços dele eram em vão, não adiantava ele ameaçar ou prometer que sairia dali. Nunca chegaria de fato ao fim, até que a dor o matasse.

Capítulo 09

Charlye estava paralisada pelo medo. O lobo ainda a encarava serenamente, ele se aproximou dela, a garota quis correr, mas suas pernas não respondiam a nenhum comando, porém sua mente estava limpa. Ela encarava o animal e sabia que precisava tirar Frank dali e para isso teria que dar um jeito de passar pela fera, no entanto, ela se assustou ao entender que o lobo se comunicava com ela pelo pensamento.

- Charlye, se você veio aqui para ajudar o Frank é melhor correr, ele está em apuros, indo de encontro a morte. A "Dor" o pegou e ela rege a floresta.
- Meu Deus! Um lobo que fala. Tudo bem, tudo bem! É a mente de alguém, e é provável que aqui tudo seja possível. Hum... Me diga. Qual é o seu nome? Esquece e me diga logo como encontrar ele?
- Charlye, me siga e fique tranquila, não verá praticamente nada da mente de Frank. - o lobo foi andando e Charlye foi com ele, ouvindo sua explicação, ele continuou. - Meu nome é Dek, eu sou a força de Frank, porém tem um motivo para esse lugar ser uma floresta confusa, escura e fria. Frank está perdido, nós nos desencontramos, ele se manteve com a dor, ela o seduz há anos, e ele começou a achar que a dor era a força que o mantinha. - A garota estava entendendo toda aquela alusão, porém sabia que ali tudo era representado literalmente, já no mundo real, eram apenas sentimentos. Ela pensou melhor e chegou à conclusão que seja físico ou mental, a dor sempre foi perigosa. Dek prosseguia. - A "Dor" é como uma droga, o qual se vicia na ilusão de que uma hora o tornará forte, e não sofrerá mais. Ela promete e nunca cumpre e é a primeira a te acompanhar e empurrar no último abismo do desespero.
Charlye apertou o passo para acompanhar Dek, ele seguiu por uma ponte banhada a luz do luar, explicou a Charlye que ela não veria nada (ou pelo menos nada demais) da mente de Frank, porque as árvores representavam esconderijos para as memórias. Frank estava tão perdido que usava as árvores como barreiras para não encarar seus próprios medos.
Hora ou outra, ela ouvia xingamentos, humilhações e por vezes ouvia a voz de Frank gritando em diferentes tons, ela sabia que as vozes eram de lembranças dele, ouviu por vezes ele prometendo que iria crescer na vida, que iria parar de procrastinar e que seria forte, e em outro momento ela percebia que ele fracassava. Dek lhe disse que a dor sempre ganhava, até que um dia ele se perdeu de Frank e ele começou a assumir derrota. O animal parou, farejando:
- Ele estar no centro. Venha rápido!
Os dois correram, Charlye sentiu o medo e o cansaço subir seu corpo, como ela ajudaria Frank? Mesmo com a ajuda de Dek, ela ainda era apenas uma garota. Não era uma feiticeira como seu avô, por exemplo. Charlye não conseguia nem mesmo acompanhar Dek, que corria para seu dono que estava há muito tempo perdido.

A garota parou em estado de desespero, estava ofegante, colocava a mão na cabeça, de repente começou a chorar. Ouviu um latido ameaçador e quando olhou para o lado, viu o lobo, mas o latido pareceu acordá-la. Charlye sentiu uma respiração forte em sua mão e quando olhou para o lado viu outro lobo, mas esse refletia seu olhar. Ela não demorou para entender que Dek, acabara de despertar a coragem dela. A garota viu sua determinação nos olhos de seu lobo. O calor subiu suas veias, a garota e as duas feras caminharam rapidamente em direção ao centro da floresta. Seja lá o que fosse acontecer, Charlye já tinha decidido, ou tirava Frank daquela floresta ou morreria tentando.

FIM DO CAPÍTULO 9

Criado e escrito por: Thanos
Editado e revisado por: Natália Dias

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

A casa da porta branca (8)

Se você ainda não leu o capítulo 7, segue o link a seguir
http://dangerous3.blogspot.com.br/2016/10/a-casa-da-porta-branca-7.html

Charlye não tinha nenhum sentimento romântico por Frank, mas sabia que o romance entre os dois já tinha sido até mesmo profetizado, porém ela não achava uma boa ideia conhecer literalmente a cabeça de um cara logo no "segundo encontro", o que ela veria ali, com certeza seriam cenas fortes. Ela decidiu fazer o máximo para não julgar o que quer que visse, e torceu para que ele não fosse fã de revistas de entretenimento adulto. Enquanto ela caminhava por entre as árvores, conseguiu ouvir um barulho de alguém pisando em um galho seco, ao virar-se deu de cara com um lobo enorme. Seu desespero foi imenso, no entanto, o lobo lhe olhava calmamente, estaria ele apreciando sua presa?

Capítulo 8

A moça morena, passava as mãos no rosto de Frank, ele arrepiou-se todo. Era incrível como ele sentia-se atraído por ela. Os dois andaram mais um pouco, e Frank ficou sozinho novamente, dessa vez viu várias coisas diferentes. Viu suas rejeições amorosas, amigos que o deixaram e o pior de tudo foi ver a si mesmo se humilhando para que eles ficassem por perto, sentiu-se um idiota, tão pequeno, triste, insignificante, enquanto todos que o abandonaram estavam grandes e felizes, caminhava sozinho, enquanto todos os outros caminhavam com várias pessoas. Seu estômago revirava, viu que suas namoradas o traíram ou não levaram muito tempo para arranjar outro, seus amigos quase nunca percebiam que ele não estava ali, todos reuniam-se, e quando o chamavam ele sentia-se um peixe fora d'água por ser tão raras as vezes. Frank se odiava por pensar assim, ele não queria se importar com aquilo, mas a verdade é que ele sentia que não fazia falta para ninguém e aquilo acabava com ele. Ele começou a escutar risos zombando dele, vozes escarnecendo, dizendo que ele era fresco e lerdo, ele sabia que agora já era um adulto, mas estava preso em suas situações de adolescente. 
De repente, ele estava em um corredor, a porta a sua frente dava para o show de horrores que continha todas as pessoas que amava e que sacanearam com ele, fazendo coisas terríveis de se ver, e na porta atrás de si, estava a mulher de branco. Frank tinha duas opções: ir em frente e encarar tudo aquilo ou voltar e ficar de vez nos braços dela. Ele sentiu que tinha que fazer essa escolha e que seria mesmo importante. Sem pensar duas vezes, ele correu para os braços da morena, os dois caíram em uma cama, mas ainda assim estavam no meio da floresta. Frank sentia o vento batendo em seus braços, a garota o olhava novamente com as pupilas dilatadas, os dois começaram a se beijar muito rápido, mordiam os lábios um do outro, Frank passava a mão devagarinho na perna dela até apertar suas nádegas, ela suspirou em seu ouvido e arranhou o abdome do rapaz até chegar bem perto de onde queria. Ele continuou subindo a mão até apertar os seios dela, suas cinturas se encontraram, já totalmente nuas. Naquele momento, Frank percebeu que nunca havia se sentido pior na vida, parecia que sua alegria, satisfação e até mesmo suas forças tinham sido sugadas, até mais do que quando viu todas aquelas cenas horríveis. Ao olhar para a garota, ela ainda sorria, mas dessa vez com cinismo e frieza. Frank percebeu que até o momento, ela não havia dito uma palavra sequer e quando começou finalmente a falar, disse-lhe que iria embora e ele não sabia o porquê, mas implorava para que ela ficasse, os dois continuavam transando e Frank notou as correntes.
- Afinal de contas quem é você?
- Eu? - ela riu - Eu sou umas das maiores paixões do mundo. Eu te conheci quando você era apenas uma criança. Logo, logo, você aprendeu a me cortejar em pensamentos, toda vez que algo ruim acontecia você passava horas e horas pensando mim.
- O que? 
- Sempre estive com você porque você sempre me quis, você me procurava sem perceber. Você me ama e estaremos juntos até que você morra. Eu sou seu desespero. Eu sou seu medo. Eu sou sua angústia. Eu sou a linda que te atrai, sou aquela que te seduz até quando você quer sorrir. Eu sou aquela que às vezes te fortaleço, mas quando te derrubo, você deita comigo por muito tempo até se reerguer. Meu nome? HAHAHA. Prazer, Frank. Eu me chamo DOR.

FIM DO CAPÍTULO 8

Criado e escrito por: Thanos

Editado e revisado por: Natália Dias

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

A casa da porta branca (7)

Se você ainda não leu o capítulo 6, segue o link:
http://dangerous3.blogspot.com.br/2016/08/a-casa-da-porta-branca-6.html


Frank estava naquela floresta, corria com medo mesmo sem entender do que estava fugindo. Sua cabeça ardia e por vezes ele parava sem força, tentava ir para um lado, mas sua mente dizia que deveria prosseguir pelo outro. Ele gritava de dor, sem saber ao certo o motivo, mas sentia o abandono que sofreu, as injustiças da infância (as quais se negava a pensar há anos), todos que o deixaram. Sentiu aquele enorme vazio, mesmo sendo imagens da sua cabeça, foi quando percebeu que não era a floresta escura que lhe assustava e desesperava, mas sim o que ela lhe fazia lembrar.

Capítulo 07

Charlye decidiu não pensar muito ao adentrar a floresta, sabia que qualquer hesitação poderia causar o fracasso do que fora fazer. Frank estava perdido em algum lugar ali. Seria uma boa ideia gritar seu nome? Será que algo de ruim também aconteceria com ela? Ela sentiu uma dor por não saber o que fazer, até seu braço direito parecia pesar em protesto, como se dissesse "Não tem o que fazer".

Frank parou de abrupto ao ver um grande altar no meio da floresta. Havia um círculo sem árvores, o chão era feito de cimento, tinha postes de luzes direcionados ao centro e em cima do altar tinha uma mulher. Suas roupas eram brancas e finas, ela estava deitada com seus longos cabelos caindo da grande pedra. Frank chegou mais perto. A pele morena dela o impressionava, seus seios estavam bem a mostra em um lindo decote, suas pernas eram torneadas, o rosto bem desenhado, sua boca abriu em um largo sorriso ao ver Frank, suas pupilas dilataram. Ela levantou-se e ele viu suas lindas costas definidas, Frank estava impressionado, a beleza dela não era avassaladora, mas ela parecia "familiarmente linda" - se é que isso faz sentido - pensou. 
Ela o olhou virando a cabeça em sua direção, ele não sabia explicar o que tinha naqueles olhos. Frank tinha um corpo atlético e a mulher passou a mão em seus ombros, nesse momento ele sentiu seu coração acelerar, ela tinha um ar jovial, um jeito rebelde, Frank não conseguia lembrar-se de onde a conhecia, mas nunca tinha tanta certeza de estar familiarizado com alguém. Ela o pegou pela mão, seu sorriso o encantava, a mulher demonstrava uma paixão ao tocá-lo. De repente, ele sentiu algemas, correntes que vinham dela para ele e mesmo assim ele não se importou. A presença dela parecia suprir suas necessidades, ela o fazia tão bem que não importava o que fizesse, ele a queria por perto.
As luzes faziam seu rosto brilhar como uma garota maquiada para o seu baile de formatura, seu rosto de garota sapeca o fazia rir. Eles não disseram uma palavra e o rapaz nem sequer percebeu que naquele momento ele estava praticamente desligado para todo o resto, como se estivesse dentro de uma piscina. Talvez se sentisse dormente, mesmo quando notasse, não saberia explicar deixando isso só para sua própria mente. Eles caminharam devagar em volta do grande círculo, a roupa dela era levemente levantada pelo vento, mostrava sua calcinha branca de seda. Era com certeza a cena mais simples e erótica que Frank já vira, não era uma exaltação ao corpo dela, mas tudo nela o seduzia. Ele sentia-se fraco e ao mesmo tempo sentia uma necessidade de ser forte, em outros momentos queria apenas relaxar ao lado dela. 
Não por acaso, ela sumiu de repente, e Frank se viu em uma sala conhecida, as paredes azuis o rodeavam, havia um par de sofás dispostos ali, o maior ficava perto do banheiro também de azulejos azuis. A porta estava semiaberta, mas ele sabia o que veria se olhasse, chegou mais perto e então viu. Aquela mulher de cabelos curtos, o cheiro podre de cigarro "Calvert", um garotinho em pé sobre o vaso do banheiro, de frente para ela, estava vestindo nele uma cueca. Ela o olhava com aquele olhar maquiavélico, sorrindo e demonstrando o ferro fino que tinha em cima de um de seus caninos. Frank a viu subindo a peça de roupa no garoto, mas sabia que ela não iria parar quando deveria e foi o que a mulher fez, ao chegar à cintura do garoto, ela o levantou para cima até que ele ficasse rente a ela. O menino se contorcia de dor e ela habilidosa o controlava pela cueca e dizia: "Se gritar eu te bato até que você morra, seu inútil! Frank, você é a praga da minha vida". 
Aquela mulher se chamava Andressa e era babá de Frank, quando ele era apenas um garotinho, ela o espancava todas às vezes que podia, sem nenhum motivo aparente. Frank jurou matá-la, mas nunca teve essa chance, mas seja lá o que tivesse acontecendo ali , real ou não, ele estava no passado, vendo aquela pessoa fazer-lhe mal, ele era apenas um garoto indefeso. Ele chutou a porta, sentindo um vazio enorme, enquanto a porta se escancarava, em poucos segundos percebeu que sentia falta da morena linda que estava caminhando com ele há poucos minutos, mas ali estava Andressa, um dos motivos pelo qual passou sua infância e adolescência se lamentando pela vida que teve, acordando de madrugada lembrando-se das surras de rodo que ela lhe dava, quando ninguém estava olhando, para que ele se levantasse. Porém, quando sua fúria estava prestes a ser saciada, em um piscar de olhos viu-se novamente no grande círculo da floresta, sentiu que estava tremendo quando se ajoelhou no chão chorando de raiva. Aquela imagem ficaria tatuada para sempre em sua mente. Frank sentiu então, um abraço e quando olhou viu a garota das vestes brancas. Ele sentiu-se em paz novamente, mesmo sentindo que algo o machucava por dentro, ele estava tranquilo. As correntes entre eles pareciam ainda maiores.

FIM DO CAPÍTULO 07


Criado e escrito por: Thanos
Editado e revisado por: Natália Dias

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A casa da porta branca (6)

Se você ainda não leu o capítulo 5, segue o link: 
http://dangerous3.blogspot.com.br/2016/08/a-casa-da-porta-branca-5.html

Erick olhava a lua enquanto subia as escadas da delegacia, ele sabia que a essa mesma lua iluminava os dois universos, revelando os segredos da escuridão. Sabia também que mesmo Frank sendo levado para outro mundo, ele corria risco de vida. Erick ficou preocupado pensando: "Como será que o grande feiticeiro vai resolver isso?. Se Frank entrar em coma, ele terá de fazer algo para que ele saia de lá”. Erick sabia bem que ficar em coma em outro universo significava desmanchar o corpo em pó. Ele estava realmente preocupado com isso.
Os olhos de Clarisse se encontraram com os de Erick pelo vidro da porta. Mesmo em lágrimas, ela lembrou do amigo chato que vivia atazanando sua vida, deu mais vontade de chorar o fato de agora (depois de o ter afastado tanto) ele ser a única pessoa a quem recorrer. Erick abriu a porta e colocou o primeiro pé na delegacia, nessa hora teve uma visão de Frank em uma floresta negra rodeado por grandes perigos, Frank olhou para os olhos de Erick e disse:
- Que lugar é esse onde estamos?!
Erick abriu a boca devagar e com os olhos arregalados vendo o amigo sem acreditar naquilo -respondeu quase sem voz antes de voltar a delegacia.
- Você está em coma e criou um pequeno mundo para preservar sua mente.

Capítulo 06
Charlye havia ouvido todas as histórias do avô feiticeiro. Ele a contou dos dragões e tudo mais, mas Frank (o tal homem do diário) era de longe a história mais fascinante. O avô a contara que o rapaz que a garota havia visto carrega um grande segredo que só pode ser revelado quando encontrarem o Grimório perdido de ROUSSE. Foi nessa hora que o feiticeiro olhou pela porta e viu um homem de capuz se aproximar, ele sabia que não era dia, mas viu os raios de sol tocar o homem e imediatamente entendeu o que estava para acontecer.
-Não! – sussurrou ele, assustado
- O que?
- Isso não era para acontecer.
- Do que está falando?
- Corre! Vá lá fora! Ajude o Frank! Por enquanto só vocês dois podem atravessar.
Charlye não pensou direito, apenas correu em direção a porta que estava aberta. Sentiu um frio na espinha ao ver um homem acabara de levar um tiro e uma mulher tentando sem sucesso o levantar. Quando a mulher ia tombando com o corpo, Charlye a segurou, mas quando passaram pela porta, a garota caiu, pois a mulher havia sumido. Só estava ela, o avô e um ensanguentado Frank no chão.
Charlye e o avô temeram o pior, fizeram de tudo para parar o sangramento, prestaram todos os socorros possíveis. Em determinada hora, Frank abriu os olhos e viu uma foto de Charlye, mas quando ela e o avô foram falar com ele, ele apagou novamente entrando dessa vez em coma.
Charlye estava fascinada com tudo o que sabia de Frank, no entanto, nesse momento ela estava com medo que ele morresse. O avô disse a ela que o corpo dele viraria pó no universo errado caso ele continuasse em coma, mas o avô parou de falar ao olhar para o rosto de Frank. Os olhos dele estavam abertos e totalmente negros...
- Oh! Grande Merlin! Eu não acredito nisso. A alma desse garoto está dividida entre os dois mundos! Por isso que ele está vivo sem equipamentos. É quase uma mágica. Impressionante!
- O que foi vovô? O que está havendo?!
- A mente dele criou uma floresta de pensamentos. Se ele conseguir sair de lá, ele sobrevive. Por mais impressionante que seja, é quase impossível ele sair de lá sozinho. Ele pode ser morto pelos seus próprios sentimentos e pesadelos, mas entrar lá é suicídio.
- Vô! Usa sua mágica e traz ele de volta! Ele não pode morrer. Quem atirou nele? Você sabe?
- Não sei quem era e não posso fazer nada para ajudá-lo porque para isso eu teria que entrar na mente dele e precisaria de outro feiticeiro para me transportar, só se pode enviar uma pessoa e tem que ter alguém que envie. Infelizmente, como meu título entrega sou "o último feiticeiro”.
6 dias se passaram e Charlye ficou ao lado de Frank, na esperança de que ele acordasse. Ela sentia que tinha algo importante para acontecer, e que Frank estaria junto.Todo dia quando ela dormia pensava em Frank sendo massacrado pelos seus pensamentos, e o quão desesperador seria estar sozinho dentro de sua mente. Todo o terror, o pânico, a vontade de melhorar, a dor do fracasso.
Charlye olhava-se no espelho e por algum motivo via culpa em seus olhos, também via  terror e por último decisão. Uma decisão forte e incandescente que tomou seu corpo.
Ela desceu as escadas até seu avô.
- Olha só. Eu confesso que estou morrendo de medo, mas desde aquele dia entendi que o senhor disse que pode transportar alguém e poderia ser eu para ir ajudá-lo.
- Charlye, é arriscado demais. Estamos falando de uma viagem ao “país dos horrores”, não das “maravilhas. Você pode ser massacrada lá dentro e como você mesma disse, você não conhece esse cara. – o avô da menina começou a chorar disfarçadamente – Eu não queria que isso fosse assim Charlye, fiquei tão impressionado quando finalmente vocês dois se encontraram que eu simplesmente não vi essa alteração na história. Talvez seja o fim.
- Escuta aqui, seu velho sádico... – o tom de voz da Charlye causou respeito e susto no avô, que agora a olhava com uma expressão dividida entre o orgulho e decepção. – Eu não estou nem aí para a sua arte! Eu quero salvar esse cara porque ele é um ser humano. Antes de ver o que vi, achei que a idade tinha te pegado, mas depois acreditei em você e agora vi com meus próprios olhos. Agora que me colocou nessa loucura, você vai ouvir o que tenho a dizer! Você não tem o direito de brincar com a vida das pessoas! Se quisesse fazer arte que fizesse com a sua vida! Agora me diz como entro e tiro ele de lá, porque o corpo dele não irá virar pó só porque o louco do meu avô quer bater o recorde de encontro às escuras.
O avô da garota se aproximou dela e disse:
- Quem invade o paraíso, sabe a saída do desespero. Procure por esse animal, mas só vale aquele que você só enxergar os olhos.
-Isso é uma charada? – mas foi tarde para ela perguntar. Seu avô já tinha tocado sua testa.

Ela piscou e já não o viu mais, enxergou apenas uma floresta escura e sombria. Corujas, uivos, corvos na árvore perto dela. Logo que se viu ali, sentiu seu coração acelerar. Ela tinha que chegar em Frank antes que algo pior acontecesse.

Criado e escrito por: Thanos
Editado e revisado por: Natália Dias

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A casa da porta branca (5)

Se você ainda não leu o capítulo 4, segue o link:
http://dangerous3.blogspot.com.br/2016/08/a-casa-da-porta-branca-4.html


Frank sabia que se morresse iria para algum lugar, mas não sabia para onde. No entanto, não esperava ser acordado ao som de “Dust in te Wind”. Deitado em lençóis brancos e com um delicioso edredom envolvendo seu corpo, ele sentia cheiro de café e sentiu seu estômago roncar. “Estômago? ”. Pensou, passando a mão na barriga. Percebeu que estava enfaixada, lembrou-se com mais nitidez o que tinha acontecido, notou então que mesmo tendo visto o rosto do seu agressor, já não lembrava mais dele. Começou a juntar as coisas e deduziu que estava em um hospital, mas ao sentar-se na cama, percebeu que tinha se enganado, ele estava em seu quarto. Bom, pelo menos parecia, exceto pela foto de uma garota na cômoda que ele reconheceu sendo Charlye.

Capítulo 05

Antes disso...
A polícia estava na casa de Frank, Clarisse estava chorando descontrolada, ela tremia muito e não conseguia respirar direito, a todo momento gritava ao lembrar da cena do irmão sendo morto. Claro que dessa parte a polícia não sabia, eles acreditavam que Frank ainda estava vivo e que tinha ido atrás do seu agressor, só não sabiam como era possível, já que o sangue estava em grande quantidade espalhado pelo chão e ia até escada de entrada e dali sumia. Clarisse também não saberia mesmo como explicar, sua mente estava em choque. Ela lembrava de ter pego o corpo sem vida do irmão (com muita dificuldade) e sentiu-se cair, até que alguém a deu apoio para levar o corpo do irmão porta a dentro, mas quando passou pelo portal da porta, sentiu o irmão sumir junto com os braços que a ajudaram. Ela não sabia mais o que estava acontecendo na vida dela e do irmão, e porque com eles? O medo estava deixando-a louca “Ou será que já estou?” - pensou a mulher.
Ela só sabia de uma pessoa que podia ajudá-la, por mais que achasse que ele era louco e perturbado, sabia que ele entendia de coisas sobrenaturais. Por sorte, ele trabalhava como investigador da polícia e era a única pessoa que amaria o irmão dela como se fosse o seu irmão. Seu nome era Erick, o amigo mais chato (porém amado) de seu irmão.

Erick
Erick era o melhor amigo de Frank, mas todas as pessoas guardam seus segredos. Até onde Frank e Clarisse sabiam, ele era um mágico qualquer com grande entendimento em ocultismo e ilusão. O que eles não sabiam, no entanto, é que ele era de fato sabia fazer mágicas de verdade. Ele não era nem de longe um feiticeiro puro, e sim um descendente ensinado que queria reviver a mágica no mundo, mas para ter plenos poderes teria que achar o verdadeiro “último feiticeiro” e ganhar dele a legitimação dos seus poderes, mas ele não tinha ideia de como fazer isso. Entrou para a polícia  como detetive de casos paranormais, mas os amigos só sabiam que a parte do “detetive” sabiam também que ele era o melhor e que resolvia sempre casos que pareciam não ter explicação. Erick era solitário, seus únicos amigos eram Frank e Clarisse, (por quem Erick nutria uma paixão de “tapas e beijos”) e também tinha sua irmã mais nova que vivia em outro lugar, o qual o rapaz nunca revelava. Ele foi expulso de casa ainda pequeno e viveu em um orfanato, explicou uma vez que sempre manteve contato com a irmã por cartas e que foi expulso de casa pelo pai quando este descobriu a paixão do garoto por ocultismo. Erick era moreno, cabelos até os ombros, usava um sobretudo preto ou uma jaqueta de couro na maioria das vezes, tinha uma grande argola na orelha esquerda, um rosto longo, sobrancelhas grossas, lábios finos, olhos verdes,  corpo atlético estilo velocista, sempre tinha vários anéis na mão, mas seu colar (o qual o pingente lembrava o canino de algum animal) era sua marca. Ele nunca o tirava e também nunca disse quem lhe deu.
Erick não iria contar nada por agora, mas a verdade é que foi ele quem encontrou e sugeriu que Frank ficasse com aquela casa, quando Erick a viu, percebeu que tinha uma grande fonte de mágica ali e que a energia ficava intensa cada vez que Frank se aproximava da porta de entrada. Ele não queria assumir, mas podia estar usando o amigo como ferramenta, pois sabia que aquela mágica só poderia vir do “último feiticeiro”. Ele já sabia o que Frank encontraria do outro lado da porta e o que aconteceria se ele fosse para lá. Quando Clarisse ligou para Erick, ele revelou que já sabia por alto o que havia acontecido, ela ficou espantada quando ele lhe disse que o irmão dela estava em uma dimensão paralela. Pediu para que ela ficasse calma e que o esperasse, pois estava a caminho da cidade. Quando desligou o telefone, sentiu uma onda de excitação percorrer seu corpo. Clarisse não tinha ideia, mas em algumas semanas seria iniciada uma grande guerra mágica.

Criado e Escrito por: Thanos
Editado e Revisado por: Natália Dias

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Ostrácia


Boa noite, galera. Nós gostaríamos de pedir desculpas, mas infelizmente não postaremos hoje o capítulo 5  da história A casa da porta branca. Manteremos você informados de quando sairá. Entretanto, teremos o texto do nosso amigo Luke. Boa leitura e visitem sempre o nosso blog! 
Por: Natália Dias

O vento massageia seu semblante desencorajado e melancólico, balança seus longos cabelos gordurosos e castanhos, olhos cinzentos e sem brilho observam um horizonte incógnito e remoto. O retrato que reflete com perfeição a sua vida. Matthew Symmington, um simples garoto britânico, adolescente, cheio de perguntas e sem nenhuma resposta, algo que seria típico dessa idade se não fosse pelo fato de Matthew ser diferente, não diferente como um garoto de catorze anos que não consegue depreender porque seus brinquedos não o alegram mais, e sim como um garoto de catorze anos que procura incansavelmente o sentido de sua efêmera vida, tenta se livrar de perguntas constantes que atormentam seus pensamentos e anestesiam seus languidos sentimentos.

Desde que era um garotinho, Matthew demonstrou ser diferente, sua mãe Elizabeth achava fascinante tamanha inteligência, adorava propor desafios a ele, fazia-lhe perguntas complexas e sempre que podia o desafiava para uma partida de xadrez, Matthew nunca saiu suplantado dessas partidas. Mas, Elizabeth como todo habitante da Idade Média debutou a repreender o comportamento de seu filho, presumia que Matthew estava possuído por algum demônio e sabia que se não tomasse alguma providência seu filho seria queimado vivo, por conta da crença rústica da época. Elizabeth passou meses sem conseguir dormir, não se divertia mais com o pequeno Matthew, que sem compreender começou a se entristecer, convidava imensuravelmente sua mãe para mais uma partida de xadrez, mas ela sempre olhava para ele, seus olhos verdes brilhantes banhados de lágrimas, se aproximava de seu rapazinho, acariciava seus cabelos escorridos, abaixava a cabeça e desprezava seu rebento com seu coração aflito.


Escrito por: Luke

terça-feira, 9 de agosto de 2016

A casa da porta branca (4)

Se você ainda não leu o capítulo 3, segue o link:
http://dangerous3.blogspot.com.br/2016/08/a-casa-da-porta-branca-3.html


Há 5 anos , Clarisse descobriu que tinha câncer. Ela teve aquele sentimento de soco no estômago, estava tudo perdido, a vida dela havia acabado. Naquele mesmo mês, pegou seu marido transando com sua melhor amiga na cama deles. No meio da discussão que tiveram, ele a revelou que estava com ela pelo dinheiro, pois ela era uma pessoa que só ligava para o emprego. Quando o ex-marido de Clarisse descobriu que ela tinha câncer, disse que não a ajudaria e que aquilo era justiça divina. Eles se casaram sem acordo pré-nupcial e ele levaria metade do que construíram. Ela deu quase todo o dinheiro para o seu tratamento, mas não foi o suficiente e já havia perdido as esperanças quando um dia chegaram doações. Seu médico lhe disse que acionistas que a conheciam estavam doando e que o governo por si só já cobriria uma parte. Quando ela melhorou e voltou a ter sua “antiga” aparência, foi até seu irmão, ao qual ela nem se quer cogitara dizer o que passou, só queria realmente acertar as coisas com ele.

Capítulo 4

Frank e Clarisse passaram a madrugada tentando entender o que tinha acontecido, não era possível que em um espaço de menos de dois minutos tenham se passado dois dias. Eles não acharam resposta e sentiam-se eufóricos e apavorados, estavam no teto da casa com duas cervejas. O sol apresentava-se timidamente, deixando tudo com um leve tom alaranjado. Frank percebeu que por vezes um homem com uma jaqueta e um capuz preto andava pela rua sem nenhum motivo aparente, porém isso não era nenhum crime.
Clarisse comentou com o irmão que aquilo que acontecera na noite passada não sairia das suas mentes nunca e ainda sugeriu que ele trocasse de casa, mas Frank disse:
- Tem que haver uma explicação para o que aconteceu e não saio daqui enquanto não achar a resposta. Talvez essa Charlye seja realmente um fantasma, mas ela não parecia querer me fazer mal, estava apenas assustada. E se no fim, nós fomos tão fantasmas para a garota quanto ela foi para gente?
Clarisse soltou um terrível palavrão.
- Você só pode estar ficando doido! Será que pensa que isso é um filme? Que tipo de louco é você?
- Clarisse, você nunca me apoia em nada. Seja irmã uma vez na vida e fique aqui comigo, vamos descobrir juntos o que está acontecendo.
A irmã encarou os olhos esperançosos do irmão e disse:
- Eu te amo, não duvide disso. Mas eu estou fora. Pode esquecer e se quer dar uma de “caça fantasmas” vá em frente. Eu não vou mesmo tentar te impedir, mas eu? Estou indo embora agora mesmo.
Clarisse desceu a escada, Frank desceu 10 minutos depois. Ela estava encostada na porta, em lágrimas disse ao irmão:
- Eu entrei no quarto para pegar minhas coisas e vi uma caixa, dentro dela tinha uns documentos médicos. – ela chorou mais ainda e soluçava tentando falar. – Você que pagou o tratamento do meu câncer, tudo!! Porque você não me disse nada? Se não fosse essa doação, eu não estaria viva hoje. Tudo que gastei não foi suficiente. Seu idiota! Eu te amo! Pirralho mal criado! Você sabe de tudo então? Do motivo do término do meu casamento? Eu pedi para minha mãe não falar para você, eu me lembro de implorar a Deus uma chance de te ver de novo, mas não queria que fosse daquele jeito. Quando soube?
- Quando você foi internada há 5 anos. Uma amiga que temos em comum me contou que você estava desesperada e que ia muito ao hospital. Então contratei alguém para te seguir e descobrir o que estava acontecendo. No dia que deu entrada na internação, eu fui te ver, mas não consegui me aproximar, na verdade, não tive coragem. Foi aí que uma enfermeira comentou com outra no corredor “O tratamento dela é muito pesado, o marido levou toda a grana dela. Os remédios e todo o tratamento custam um absurdo e só pode ser feito fora do país”. Foi então que soube o que podia fazer, vendi minha empresa no Sul, não queria voltar a falar com você (assumo), mas não descansaria enquanto você não estivesse bem.
- Como convenceu nossos pais a não me contarem nada? – perguntou uma Clarisse aos prantos de emoção e raiva.
- Bem, é simples. Eles também não sabem. Nunca contei a eles. Me alfinetam sempre dizendo que tenho que te ligar, que talvez você quisesse me dizer algo, mas também foram fiéis a você e não me contaram do câncer.
Clarisse agora lembrava que na noite de reencontro entre os irmãos ela dissera “será que uma briga é suficiente para gente morrer sem se falar?” e o irmão pareceu achar que ela falava sério.
- Me disseram que haviam sido várias doações feitas pelo governo e antigos acionistas de onde eu trabalhei. Por 5 anos você investiu no meu tratamento e na minha recuperação?
- Sim. E pelo o que vejo, você está ótima.
A cabeça de Clarisse estava quase para estourar, ela sabia bem que o irmão não queria voltar a falar com ela, mas não sabia que ele a amava. O que será de tão ruim que ela fez a ele que não lembravam ao certo? Seja lá o que fosse, ela decidiu que nunca mais deixaria seu irmão na mão e se ele queria virar um investigador da casa dos horrores, ela estaria ao lado dele.
- Eu vou ficar, Frank. Vamos descobrir junto o que está acontecendo aqui. Eu tenho medo de morrer (assumo), - fez referência a observação do irmão. – mas por você valeria até a pena morrer.
Frank riu vendo a irmã ainda chorando, e disse.
- Deixa de ser boba. Você não vai morrer comigo por perto.


Os dois fecharam a porta atrás de si, deram uns 6 passos à frente e ouviram alguém tocar a campainha. O detalhe aqui é que eles não tinham campainha. Os dois se entreolharam, só podiam pensar que aquilo também tinha relação com as coisas estranhas que aconteceram até então. E se fosse a Charlye? Tudo durou segundos, mas pareceu passar devagar. Frank virou-se e foi caminhando até a porta, passou por um espelho que tinha ali no corredor. Na rua, algum carro começou a tocar “The Sound of Silence” e ele acabou cantando mentalmente “Hello darkness, my old friend”. A casa estava banhada por uma claridade sonolenta. Quando o rapaz abriu a porta, jurava que veria Charlye na sua frente, mas quem estava lá era o homem de capuz que rondava pela rua a madrugada inteira.


O estranho sacou a arma, encostou –a na barriga de Frank e atirou. Frank sentiu algo extremamente quente atravessar sua barriga, sentiu um leve gosto de ferrugem na boca e tossiu, cuspindo sangue na direção do homem que agora já estava se preparando para correr. Frank ainda tentou segurar o homem, mas sentiu um choque intenso ao tentar se mexer, levou as mãos até a barriga, cuspiu e tossiu mais sangue. A música ainda tocava na rua, e Frank pensava no quanto ela era boa “i have come to talk with you again”. Viu tudo rodando e se sentiu enjoado, teve a impressão até de ter molhado as calças, já não lembrava-se do tiro, apenas do rosto de sua irmã, ouvia a voz dela cada vez mais distante. O sol esquentava seu rosto ali no chão. De repente, tudo escureceu. 

Criado e escrito por: Thanos
Revisado e editado por: Natália Dias