segunda-feira, 3 de outubro de 2016

A casa da porta branca (7)

Se você ainda não leu o capítulo 6, segue o link:
http://dangerous3.blogspot.com.br/2016/08/a-casa-da-porta-branca-6.html


Frank estava naquela floresta, corria com medo mesmo sem entender do que estava fugindo. Sua cabeça ardia e por vezes ele parava sem força, tentava ir para um lado, mas sua mente dizia que deveria prosseguir pelo outro. Ele gritava de dor, sem saber ao certo o motivo, mas sentia o abandono que sofreu, as injustiças da infância (as quais se negava a pensar há anos), todos que o deixaram. Sentiu aquele enorme vazio, mesmo sendo imagens da sua cabeça, foi quando percebeu que não era a floresta escura que lhe assustava e desesperava, mas sim o que ela lhe fazia lembrar.

Capítulo 07

Charlye decidiu não pensar muito ao adentrar a floresta, sabia que qualquer hesitação poderia causar o fracasso do que fora fazer. Frank estava perdido em algum lugar ali. Seria uma boa ideia gritar seu nome? Será que algo de ruim também aconteceria com ela? Ela sentiu uma dor por não saber o que fazer, até seu braço direito parecia pesar em protesto, como se dissesse "Não tem o que fazer".

Frank parou de abrupto ao ver um grande altar no meio da floresta. Havia um círculo sem árvores, o chão era feito de cimento, tinha postes de luzes direcionados ao centro e em cima do altar tinha uma mulher. Suas roupas eram brancas e finas, ela estava deitada com seus longos cabelos caindo da grande pedra. Frank chegou mais perto. A pele morena dela o impressionava, seus seios estavam bem a mostra em um lindo decote, suas pernas eram torneadas, o rosto bem desenhado, sua boca abriu em um largo sorriso ao ver Frank, suas pupilas dilataram. Ela levantou-se e ele viu suas lindas costas definidas, Frank estava impressionado, a beleza dela não era avassaladora, mas ela parecia "familiarmente linda" - se é que isso faz sentido - pensou. 
Ela o olhou virando a cabeça em sua direção, ele não sabia explicar o que tinha naqueles olhos. Frank tinha um corpo atlético e a mulher passou a mão em seus ombros, nesse momento ele sentiu seu coração acelerar, ela tinha um ar jovial, um jeito rebelde, Frank não conseguia lembrar-se de onde a conhecia, mas nunca tinha tanta certeza de estar familiarizado com alguém. Ela o pegou pela mão, seu sorriso o encantava, a mulher demonstrava uma paixão ao tocá-lo. De repente, ele sentiu algemas, correntes que vinham dela para ele e mesmo assim ele não se importou. A presença dela parecia suprir suas necessidades, ela o fazia tão bem que não importava o que fizesse, ele a queria por perto.
As luzes faziam seu rosto brilhar como uma garota maquiada para o seu baile de formatura, seu rosto de garota sapeca o fazia rir. Eles não disseram uma palavra e o rapaz nem sequer percebeu que naquele momento ele estava praticamente desligado para todo o resto, como se estivesse dentro de uma piscina. Talvez se sentisse dormente, mesmo quando notasse, não saberia explicar deixando isso só para sua própria mente. Eles caminharam devagar em volta do grande círculo, a roupa dela era levemente levantada pelo vento, mostrava sua calcinha branca de seda. Era com certeza a cena mais simples e erótica que Frank já vira, não era uma exaltação ao corpo dela, mas tudo nela o seduzia. Ele sentia-se fraco e ao mesmo tempo sentia uma necessidade de ser forte, em outros momentos queria apenas relaxar ao lado dela. 
Não por acaso, ela sumiu de repente, e Frank se viu em uma sala conhecida, as paredes azuis o rodeavam, havia um par de sofás dispostos ali, o maior ficava perto do banheiro também de azulejos azuis. A porta estava semiaberta, mas ele sabia o que veria se olhasse, chegou mais perto e então viu. Aquela mulher de cabelos curtos, o cheiro podre de cigarro "Calvert", um garotinho em pé sobre o vaso do banheiro, de frente para ela, estava vestindo nele uma cueca. Ela o olhava com aquele olhar maquiavélico, sorrindo e demonstrando o ferro fino que tinha em cima de um de seus caninos. Frank a viu subindo a peça de roupa no garoto, mas sabia que ela não iria parar quando deveria e foi o que a mulher fez, ao chegar à cintura do garoto, ela o levantou para cima até que ele ficasse rente a ela. O menino se contorcia de dor e ela habilidosa o controlava pela cueca e dizia: "Se gritar eu te bato até que você morra, seu inútil! Frank, você é a praga da minha vida". 
Aquela mulher se chamava Andressa e era babá de Frank, quando ele era apenas um garotinho, ela o espancava todas às vezes que podia, sem nenhum motivo aparente. Frank jurou matá-la, mas nunca teve essa chance, mas seja lá o que tivesse acontecendo ali , real ou não, ele estava no passado, vendo aquela pessoa fazer-lhe mal, ele era apenas um garoto indefeso. Ele chutou a porta, sentindo um vazio enorme, enquanto a porta se escancarava, em poucos segundos percebeu que sentia falta da morena linda que estava caminhando com ele há poucos minutos, mas ali estava Andressa, um dos motivos pelo qual passou sua infância e adolescência se lamentando pela vida que teve, acordando de madrugada lembrando-se das surras de rodo que ela lhe dava, quando ninguém estava olhando, para que ele se levantasse. Porém, quando sua fúria estava prestes a ser saciada, em um piscar de olhos viu-se novamente no grande círculo da floresta, sentiu que estava tremendo quando se ajoelhou no chão chorando de raiva. Aquela imagem ficaria tatuada para sempre em sua mente. Frank sentiu então, um abraço e quando olhou viu a garota das vestes brancas. Ele sentiu-se em paz novamente, mesmo sentindo que algo o machucava por dentro, ele estava tranquilo. As correntes entre eles pareciam ainda maiores.

FIM DO CAPÍTULO 07


Criado e escrito por: Thanos
Editado e revisado por: Natália Dias

6 comentários:

  1. Como sempre fantástico a história. Que venha mais.
    Parabéns ao escritor Thanos.

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  2. Como sempre fantástico a história. Que venha mais.
    Parabéns ao escritor Thanos.

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  3. Parabéns Manolo Qnd puder postar minha historia tbm me fala a dia Ta perfeita

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  4. O sinônimo de muitas coisas ! Parabéns!

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  5. Excelente história cara ! Parabéns

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