domingo, 16 de outubro de 2016

A casa da porta branca (9)

Se você ainda não leu o capítulo 8, segue o link a seguir:
http://dangerous3.blogspot.com.br/2016/10/a-casa-da-porta-branca-8.html


A dor se materializa em situações, em pessoas e engana-se quem acha que ela seria apresentada ao mundo como algo feio e estranho, a dor seduz e entra na vida das pessoas, sussurra em seus ouvidos, até permite que essas sintam alegria, para depois deitar e sufocar um por um em seu jogo de sedução. A dor é apaixonante, ninguém a quer por perto, porém ela sabe bem quais lembranças ou lugares tocar, ela sentará do seu lado quando estiver sozinho, só para cantar com uma linda voz o quanto você é um fracassado. Quando quem ouve aceita, automaticamente, ele a abraça dando a ela mais força. Ela é esposo(a), namorado(a), companheiro(a), seus estudos, seu algoz, ela se fantasia em tudo. É a armadilha de nosso tempo e quando ganha muita força evolui para depressão. Frank agora estava totalmente preso a "Dor", ela o açoitava e tudo em volta de si estava vermelho, os cabelos dela estavam gigantes e grossos e os suspendiam a sua frente, suas unhas entravam na pele de Frank, ele mal se lembrava do porque ou como estava ali. Frank se desesperava, ele queria sair daquela situação, mas o olhar da "Dor" o convencia que todos os esforços dele eram em vão, não adiantava ele ameaçar ou prometer que sairia dali. Nunca chegaria de fato ao fim, até que a dor o matasse.

Capítulo 09

Charlye estava paralisada pelo medo. O lobo ainda a encarava serenamente, ele se aproximou dela, a garota quis correr, mas suas pernas não respondiam a nenhum comando, porém sua mente estava limpa. Ela encarava o animal e sabia que precisava tirar Frank dali e para isso teria que dar um jeito de passar pela fera, no entanto, ela se assustou ao entender que o lobo se comunicava com ela pelo pensamento.

- Charlye, se você veio aqui para ajudar o Frank é melhor correr, ele está em apuros, indo de encontro a morte. A "Dor" o pegou e ela rege a floresta.
- Meu Deus! Um lobo que fala. Tudo bem, tudo bem! É a mente de alguém, e é provável que aqui tudo seja possível. Hum... Me diga. Qual é o seu nome? Esquece e me diga logo como encontrar ele?
- Charlye, me siga e fique tranquila, não verá praticamente nada da mente de Frank. - o lobo foi andando e Charlye foi com ele, ouvindo sua explicação, ele continuou. - Meu nome é Dek, eu sou a força de Frank, porém tem um motivo para esse lugar ser uma floresta confusa, escura e fria. Frank está perdido, nós nos desencontramos, ele se manteve com a dor, ela o seduz há anos, e ele começou a achar que a dor era a força que o mantinha. - A garota estava entendendo toda aquela alusão, porém sabia que ali tudo era representado literalmente, já no mundo real, eram apenas sentimentos. Ela pensou melhor e chegou à conclusão que seja físico ou mental, a dor sempre foi perigosa. Dek prosseguia. - A "Dor" é como uma droga, o qual se vicia na ilusão de que uma hora o tornará forte, e não sofrerá mais. Ela promete e nunca cumpre e é a primeira a te acompanhar e empurrar no último abismo do desespero.
Charlye apertou o passo para acompanhar Dek, ele seguiu por uma ponte banhada a luz do luar, explicou a Charlye que ela não veria nada (ou pelo menos nada demais) da mente de Frank, porque as árvores representavam esconderijos para as memórias. Frank estava tão perdido que usava as árvores como barreiras para não encarar seus próprios medos.
Hora ou outra, ela ouvia xingamentos, humilhações e por vezes ouvia a voz de Frank gritando em diferentes tons, ela sabia que as vozes eram de lembranças dele, ouviu por vezes ele prometendo que iria crescer na vida, que iria parar de procrastinar e que seria forte, e em outro momento ela percebia que ele fracassava. Dek lhe disse que a dor sempre ganhava, até que um dia ele se perdeu de Frank e ele começou a assumir derrota. O animal parou, farejando:
- Ele estar no centro. Venha rápido!
Os dois correram, Charlye sentiu o medo e o cansaço subir seu corpo, como ela ajudaria Frank? Mesmo com a ajuda de Dek, ela ainda era apenas uma garota. Não era uma feiticeira como seu avô, por exemplo. Charlye não conseguia nem mesmo acompanhar Dek, que corria para seu dono que estava há muito tempo perdido.

A garota parou em estado de desespero, estava ofegante, colocava a mão na cabeça, de repente começou a chorar. Ouviu um latido ameaçador e quando olhou para o lado, viu o lobo, mas o latido pareceu acordá-la. Charlye sentiu uma respiração forte em sua mão e quando olhou para o lado viu outro lobo, mas esse refletia seu olhar. Ela não demorou para entender que Dek, acabara de despertar a coragem dela. A garota viu sua determinação nos olhos de seu lobo. O calor subiu suas veias, a garota e as duas feras caminharam rapidamente em direção ao centro da floresta. Seja lá o que fosse acontecer, Charlye já tinha decidido, ou tirava Frank daquela floresta ou morreria tentando.

FIM DO CAPÍTULO 9

Criado e escrito por: Thanos
Editado e revisado por: Natália Dias

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