quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A casa da porta branca (6)

Se você ainda não leu o capítulo 5, segue o link: 
http://dangerous3.blogspot.com.br/2016/08/a-casa-da-porta-branca-5.html

Erick olhava a lua enquanto subia as escadas da delegacia, ele sabia que a essa mesma lua iluminava os dois universos, revelando os segredos da escuridão. Sabia também que mesmo Frank sendo levado para outro mundo, ele corria risco de vida. Erick ficou preocupado pensando: "Como será que o grande feiticeiro vai resolver isso?. Se Frank entrar em coma, ele terá de fazer algo para que ele saia de lá”. Erick sabia bem que ficar em coma em outro universo significava desmanchar o corpo em pó. Ele estava realmente preocupado com isso.
Os olhos de Clarisse se encontraram com os de Erick pelo vidro da porta. Mesmo em lágrimas, ela lembrou do amigo chato que vivia atazanando sua vida, deu mais vontade de chorar o fato de agora (depois de o ter afastado tanto) ele ser a única pessoa a quem recorrer. Erick abriu a porta e colocou o primeiro pé na delegacia, nessa hora teve uma visão de Frank em uma floresta negra rodeado por grandes perigos, Frank olhou para os olhos de Erick e disse:
- Que lugar é esse onde estamos?!
Erick abriu a boca devagar e com os olhos arregalados vendo o amigo sem acreditar naquilo -respondeu quase sem voz antes de voltar a delegacia.
- Você está em coma e criou um pequeno mundo para preservar sua mente.

Capítulo 06
Charlye havia ouvido todas as histórias do avô feiticeiro. Ele a contou dos dragões e tudo mais, mas Frank (o tal homem do diário) era de longe a história mais fascinante. O avô a contara que o rapaz que a garota havia visto carrega um grande segredo que só pode ser revelado quando encontrarem o Grimório perdido de ROUSSE. Foi nessa hora que o feiticeiro olhou pela porta e viu um homem de capuz se aproximar, ele sabia que não era dia, mas viu os raios de sol tocar o homem e imediatamente entendeu o que estava para acontecer.
-Não! – sussurrou ele, assustado
- O que?
- Isso não era para acontecer.
- Do que está falando?
- Corre! Vá lá fora! Ajude o Frank! Por enquanto só vocês dois podem atravessar.
Charlye não pensou direito, apenas correu em direção a porta que estava aberta. Sentiu um frio na espinha ao ver um homem acabara de levar um tiro e uma mulher tentando sem sucesso o levantar. Quando a mulher ia tombando com o corpo, Charlye a segurou, mas quando passaram pela porta, a garota caiu, pois a mulher havia sumido. Só estava ela, o avô e um ensanguentado Frank no chão.
Charlye e o avô temeram o pior, fizeram de tudo para parar o sangramento, prestaram todos os socorros possíveis. Em determinada hora, Frank abriu os olhos e viu uma foto de Charlye, mas quando ela e o avô foram falar com ele, ele apagou novamente entrando dessa vez em coma.
Charlye estava fascinada com tudo o que sabia de Frank, no entanto, nesse momento ela estava com medo que ele morresse. O avô disse a ela que o corpo dele viraria pó no universo errado caso ele continuasse em coma, mas o avô parou de falar ao olhar para o rosto de Frank. Os olhos dele estavam abertos e totalmente negros...
- Oh! Grande Merlin! Eu não acredito nisso. A alma desse garoto está dividida entre os dois mundos! Por isso que ele está vivo sem equipamentos. É quase uma mágica. Impressionante!
- O que foi vovô? O que está havendo?!
- A mente dele criou uma floresta de pensamentos. Se ele conseguir sair de lá, ele sobrevive. Por mais impressionante que seja, é quase impossível ele sair de lá sozinho. Ele pode ser morto pelos seus próprios sentimentos e pesadelos, mas entrar lá é suicídio.
- Vô! Usa sua mágica e traz ele de volta! Ele não pode morrer. Quem atirou nele? Você sabe?
- Não sei quem era e não posso fazer nada para ajudá-lo porque para isso eu teria que entrar na mente dele e precisaria de outro feiticeiro para me transportar, só se pode enviar uma pessoa e tem que ter alguém que envie. Infelizmente, como meu título entrega sou "o último feiticeiro”.
6 dias se passaram e Charlye ficou ao lado de Frank, na esperança de que ele acordasse. Ela sentia que tinha algo importante para acontecer, e que Frank estaria junto.Todo dia quando ela dormia pensava em Frank sendo massacrado pelos seus pensamentos, e o quão desesperador seria estar sozinho dentro de sua mente. Todo o terror, o pânico, a vontade de melhorar, a dor do fracasso.
Charlye olhava-se no espelho e por algum motivo via culpa em seus olhos, também via  terror e por último decisão. Uma decisão forte e incandescente que tomou seu corpo.
Ela desceu as escadas até seu avô.
- Olha só. Eu confesso que estou morrendo de medo, mas desde aquele dia entendi que o senhor disse que pode transportar alguém e poderia ser eu para ir ajudá-lo.
- Charlye, é arriscado demais. Estamos falando de uma viagem ao “país dos horrores”, não das “maravilhas. Você pode ser massacrada lá dentro e como você mesma disse, você não conhece esse cara. – o avô da menina começou a chorar disfarçadamente – Eu não queria que isso fosse assim Charlye, fiquei tão impressionado quando finalmente vocês dois se encontraram que eu simplesmente não vi essa alteração na história. Talvez seja o fim.
- Escuta aqui, seu velho sádico... – o tom de voz da Charlye causou respeito e susto no avô, que agora a olhava com uma expressão dividida entre o orgulho e decepção. – Eu não estou nem aí para a sua arte! Eu quero salvar esse cara porque ele é um ser humano. Antes de ver o que vi, achei que a idade tinha te pegado, mas depois acreditei em você e agora vi com meus próprios olhos. Agora que me colocou nessa loucura, você vai ouvir o que tenho a dizer! Você não tem o direito de brincar com a vida das pessoas! Se quisesse fazer arte que fizesse com a sua vida! Agora me diz como entro e tiro ele de lá, porque o corpo dele não irá virar pó só porque o louco do meu avô quer bater o recorde de encontro às escuras.
O avô da garota se aproximou dela e disse:
- Quem invade o paraíso, sabe a saída do desespero. Procure por esse animal, mas só vale aquele que você só enxergar os olhos.
-Isso é uma charada? – mas foi tarde para ela perguntar. Seu avô já tinha tocado sua testa.

Ela piscou e já não o viu mais, enxergou apenas uma floresta escura e sombria. Corujas, uivos, corvos na árvore perto dela. Logo que se viu ali, sentiu seu coração acelerar. Ela tinha que chegar em Frank antes que algo pior acontecesse.

Criado e escrito por: Thanos
Editado e revisado por: Natália Dias

4 comentários:

  1. Só uma correção de um termo médico: Não existe risco de vida, só risco de morte. (Só zumbi tem risco de vida)

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    Respostas
    1. Bom, depende do ponto de vista. Do ponto de vista médico pode até ser que "risco de vida" seja errado (mas não trabalhamos com termos médicos aqui, não é mesmo?), mas do ponto de vista da linguística (que é mais adequado ao blog), nós compreendemos risco DE vida como um risco PARA a vida, ou seja, risco de (perder a) vida. Mas agradecemos a sua contribuição :)

      Natália Dias

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